“O próprio teatro ensina...”
Hoje (22.10.08) foi a manhã da apresentação no “II Palco Farroupilha”, os alunos da turma 81 do Colégio São José de Murialdo se prepararam durante os últimos dias com muita dedicação e entusiasmo. Ontem, já era de tardezinha quando os últimos deixaram a escola depois de terminar os detalhes da pintura do cenário.
Hoje chovia a cântaros e não tinha luz quando chegamos na escola para nosso deslocamento. Já pelas escadas os alunos iam me encontrando e bastante ansiosos faziam perguntas de todos os tipos, como: que horas vamos sair? Como vamos colocar o cenário? Posso usar essa blusa? Não consegui fazer o chapéu? Não tem durex? etc.
Eu tentando manter a calma ia respondendo conforme a necessidade, mas tenho consciência de que este era um bom momento para estimular a autonomia e a responsabilidade deles. Claro que alguns retrucavam quando eu dizia: decida você! Você pode! Cada um cuida das suas coisas!
E assim fomos, recolhi as autorizações, falei com alguns pais pelo telefone e descemos para pegar o tão trabalhoso cenário (eles insistiram em fazer uma igreja com quase dois metros e levar!), mas o ônibus não tinha um bagageiro que comportasse... Para mim isto não era uma novidade, eu já estava esperando por isso...Então, decidi: não vamos levar, vai só o bar e colocamos a parte de cima da igreja transformando o cenário.Frustração geral! Eles não entendiam a cena sem o cenário.
Eles ainda insistiram, queriam que uma mãe que estava lá conseguisse uma camionete, eu dei a ordem e sinalizei: Pessoal, vocês vão ver, teatro é imaginação, basta dar a sugestão com o cenário que todos entenderão o que queremos dizer, mostrar. Mas eles ainda presos no material não queriam deixar para trás o cenário. Mas deixamos... Eu na chuva com ajuda de alguns deles consegui colocar o bar que seria transformado em igreja e pegamos os outros acessórios. Assim, fomos!
O Colégio Farroupilha é próximo, mas o clima até lá ainda estava apreensivo, eles estavam com medo, medo de “pagar mico”, afinal, o cenário havia ficado pra trás... a idéia renascentista de cenário ainda é forte em nós. Incrível como essas referências transpassam gerações, não sei como nem por onde. Ou no caso seria a televisão e todo o seu realismo a nova referência?
Eles estavam com medo que desse algo errado, medo de como era este outro lugar, quem iria assistir, o que iria acontecer no momento mágico do teatro.
Chegamos!
Fomos recebidos com um camarim só nosso, os alunos se ambientavam na outra escola que nos recebeu com uma infra-estrutura realmente invejável. Agora sim eles perceberam que o negócio era sério e organizado. Ficaram mais apreensivos ainda!
Pedi para que cada um colocasse seu figurino, arrumasse suas coisas e depois desceríamos para assistir os outros grupos. Enquanto isso, eu tentava dar uma cor à nova igreja com os bons e velhos tnt´s. Além de fixar a imagem de São José que além de fazer parte da nova igreja improvisada como cenário, foi sem dúvida o nosso protetor e ajudou para que tudo corresse melhor ainda do que o esperado.
Todos muito afoitos queriam ver a escola, descer, entender onde estavam, etc.
Descemos, alguns ficaram fazendo maquiagem e tal. Subimos, fizemos os últimos preparativos, descemos prontos. Sentamos, assistimos um grupo.Enquanto assistiam, continuavam questionando, mas eles não tem nem cenário, mas a história é boa, é muito mais longa do que a nossa. Ai, sora, estou com dor de barriga!
Depois desta apresentação era nossa vez de ocupar o camarim, o tempo pareceu passar mais depressa, tentei combinar tudo com eles e deixá-los calmos. Eles estavam organizadíssimos, inclusive conseguiram até ensaiar mais umas vezes no camarim. Ali, já começavam a entender (depois de ter visto o outro grupo!) de que era necessário mesmo falar alto, de que a cena tinha que ter um ritmo mais lento, de que poderiam preencher mais com exageros dos personagens, que poderiam aparecer mais, fazer o teatro acontecer por meio daquilo que é sua essência, ou seja, o ator, a interpretação e a imaginação.
Chegou a vez deles! Tudo muito rápido. Tudo pronto. Um círculo, uma concentração, MERDA!! Eu assisti a tudo e abri as cortinas para os jovens alunos brilharem. Foi com certeza a melhor vez que fizeram a cena, tudo deu certo, tanto no primeiro quanto no segundo grupo.
No segundo grupo, depois das marteladas no cenário improvisado, o grito de MERDA e o som da capoeira tomaram a cena, contagiando os espectadores. Ao final, os abraços, sorrisos e gritos de 81,81, tomaram conta do espaço e depois de receberem os certificados e os botons dados pela organização do festival, saem orgulhosos, repetindo que querem fazer teatro mais e mais, de que foi ótimo e tal! Além de entenderem através da própria experiência que cenário, figurino ou qualquer outro elemento é supérfluo no teatro, pois, o que realmente vai importar é a presença deles mesmos, “o homem diante de outro homem” e sua vontade. Essa foi uma lição dada hoje pelo próprio teatro.
PARABÉNS QUERIDOS ALUNOS DA TURMA 81!
O TEATRO FICA AGRADECIDO COM O EMPENHO E DEDICAÇÃO DE TODOS!
VOCÊS ARRASSARAM!!
ATÉ A PRÓXIMA!
Hoje (22.10.08) foi a manhã da apresentação no “II Palco Farroupilha”, os alunos da turma 81 do Colégio São José de Murialdo se prepararam durante os últimos dias com muita dedicação e entusiasmo. Ontem, já era de tardezinha quando os últimos deixaram a escola depois de terminar os detalhes da pintura do cenário.
Hoje chovia a cântaros e não tinha luz quando chegamos na escola para nosso deslocamento. Já pelas escadas os alunos iam me encontrando e bastante ansiosos faziam perguntas de todos os tipos, como: que horas vamos sair? Como vamos colocar o cenário? Posso usar essa blusa? Não consegui fazer o chapéu? Não tem durex? etc.
Eu tentando manter a calma ia respondendo conforme a necessidade, mas tenho consciência de que este era um bom momento para estimular a autonomia e a responsabilidade deles. Claro que alguns retrucavam quando eu dizia: decida você! Você pode! Cada um cuida das suas coisas!
E assim fomos, recolhi as autorizações, falei com alguns pais pelo telefone e descemos para pegar o tão trabalhoso cenário (eles insistiram em fazer uma igreja com quase dois metros e levar!), mas o ônibus não tinha um bagageiro que comportasse... Para mim isto não era uma novidade, eu já estava esperando por isso...Então, decidi: não vamos levar, vai só o bar e colocamos a parte de cima da igreja transformando o cenário.Frustração geral! Eles não entendiam a cena sem o cenário.
Eles ainda insistiram, queriam que uma mãe que estava lá conseguisse uma camionete, eu dei a ordem e sinalizei: Pessoal, vocês vão ver, teatro é imaginação, basta dar a sugestão com o cenário que todos entenderão o que queremos dizer, mostrar. Mas eles ainda presos no material não queriam deixar para trás o cenário. Mas deixamos... Eu na chuva com ajuda de alguns deles consegui colocar o bar que seria transformado em igreja e pegamos os outros acessórios. Assim, fomos!
O Colégio Farroupilha é próximo, mas o clima até lá ainda estava apreensivo, eles estavam com medo, medo de “pagar mico”, afinal, o cenário havia ficado pra trás... a idéia renascentista de cenário ainda é forte em nós. Incrível como essas referências transpassam gerações, não sei como nem por onde. Ou no caso seria a televisão e todo o seu realismo a nova referência?
Eles estavam com medo que desse algo errado, medo de como era este outro lugar, quem iria assistir, o que iria acontecer no momento mágico do teatro.
Chegamos!
Fomos recebidos com um camarim só nosso, os alunos se ambientavam na outra escola que nos recebeu com uma infra-estrutura realmente invejável. Agora sim eles perceberam que o negócio era sério e organizado. Ficaram mais apreensivos ainda!
Pedi para que cada um colocasse seu figurino, arrumasse suas coisas e depois desceríamos para assistir os outros grupos. Enquanto isso, eu tentava dar uma cor à nova igreja com os bons e velhos tnt´s. Além de fixar a imagem de São José que além de fazer parte da nova igreja improvisada como cenário, foi sem dúvida o nosso protetor e ajudou para que tudo corresse melhor ainda do que o esperado.
Todos muito afoitos queriam ver a escola, descer, entender onde estavam, etc.
Descemos, alguns ficaram fazendo maquiagem e tal. Subimos, fizemos os últimos preparativos, descemos prontos. Sentamos, assistimos um grupo.Enquanto assistiam, continuavam questionando, mas eles não tem nem cenário, mas a história é boa, é muito mais longa do que a nossa. Ai, sora, estou com dor de barriga!
Depois desta apresentação era nossa vez de ocupar o camarim, o tempo pareceu passar mais depressa, tentei combinar tudo com eles e deixá-los calmos. Eles estavam organizadíssimos, inclusive conseguiram até ensaiar mais umas vezes no camarim. Ali, já começavam a entender (depois de ter visto o outro grupo!) de que era necessário mesmo falar alto, de que a cena tinha que ter um ritmo mais lento, de que poderiam preencher mais com exageros dos personagens, que poderiam aparecer mais, fazer o teatro acontecer por meio daquilo que é sua essência, ou seja, o ator, a interpretação e a imaginação.
Chegou a vez deles! Tudo muito rápido. Tudo pronto. Um círculo, uma concentração, MERDA!! Eu assisti a tudo e abri as cortinas para os jovens alunos brilharem. Foi com certeza a melhor vez que fizeram a cena, tudo deu certo, tanto no primeiro quanto no segundo grupo.
No segundo grupo, depois das marteladas no cenário improvisado, o grito de MERDA e o som da capoeira tomaram a cena, contagiando os espectadores. Ao final, os abraços, sorrisos e gritos de 81,81, tomaram conta do espaço e depois de receberem os certificados e os botons dados pela organização do festival, saem orgulhosos, repetindo que querem fazer teatro mais e mais, de que foi ótimo e tal! Além de entenderem através da própria experiência que cenário, figurino ou qualquer outro elemento é supérfluo no teatro, pois, o que realmente vai importar é a presença deles mesmos, “o homem diante de outro homem” e sua vontade. Essa foi uma lição dada hoje pelo próprio teatro.
PARABÉNS QUERIDOS ALUNOS DA TURMA 81!
O TEATRO FICA AGRADECIDO COM O EMPENHO E DEDICAÇÃO DE TODOS!
VOCÊS ARRASSARAM!!
ATÉ A PRÓXIMA!